Fórum: aumentar a literacia financeira e digital é a base da preparação para a reforma

  • Publicado em 15 dezembro 2021

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda recebeu académicos, empresários e especialistas em saúde e longevidade para abordar a “Transição para a Reforma – Desafios às Organizações e às Pessoas”. Políticas de gestão de pessoas, soluções tecnológicas e o fim da obrigatoriedade da reforma foram alguns dos caminhos apontados pelos oradores. Júlio Machado Vaz, Psiquiatra, Professor Universitário e moderador dos dois debates da tarde de 14 de dezembro, conduziu os convidados pela procura de soluções para a longevidade, onde se destacou a importância da literacia financeira e da educação ao longo da vida.

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DEBATE “DESAFIOS NA TRANSIÇÃO PARA A REFORMA”

  • A não obrigatoriedade da reforma. “Temos de prolongar a possibilidade de as pessoas não serem obrigadas a reformar-se”, defendeu Manuel Sobrinho Simões, Presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto. “O problema da formação é crucial também, porque se a pessoa se mantiver ativa e, no fundo, interessada, fica menos doente”, acrescentou, cruzando a importância da vida ativa e da formação com a promoção da saúde.
  • A valorização do trabalho das pessoas mais velhas. “As empresas precisam de perceber que um funcionário mais sénior tem o seu lugar e é extremamente importante”, defendeu António Brochado Correia, Territory Senior Partner da PwC, que sublinhou a importância da estabilidade, experiência e coesão que os mais velhos conseguem adicionar às equipas.
  • As políticas desenvolvidas nas empresas. Apesar de explicar que a evolução é ainda difícil, por existirem poucos exemplos no mercado, Paulo Azevedo, Presidente dos Conselhos de Administração da Efanor e da Sonar, traçou objetivos bem claros: “queremos reter talento sénior por mais anos, queremos que os nossos colaboradores mantenham uma produtividade, vitalidade e capacidade de se transformar ao longo das suas carreiras”.

DEBATE “PORTUGAL ESTÁ A ENVELHECER”

  • Longevidade como pilar de desenvolvimento. “Há países que começam a olhar para esta questão da longevidade como um dos pilares de desenvolvimento económico, social e promotor de uma sustentabilidade nacional. É claramente um negócio sério”, recordou Ana Sepúlveda. A Presidente da Associação Age Friendly Portugal apontou ainda caminhos de futuro: “é necessário, por um lado, uma literacia para a longevidade, que é as pessoas perceberem que vão viver mais. Depois, tudo aquilo que são políticas de gestão de pessoas, políticas de carreira e a forma de estruturar as empresas são críticas”.
  • A promoção da literacia financeira e digital ao longo da vida é prioridade. O Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores identificou a falta de literacia financeira como a causa para alguns dos resultados do inquérito “Insurance Europe”, que apontam que 48% dos portugueses não poupam e, destes, 30% “dizem que não querem poupar, porque não veem qual é o benefício”. No campo das soluções, José Galamba explicou dois mecanismos europeus que estão a ser desenvolvidos com recurso à tecnologia – o Produto Europeu de Poupança, que incentiva à preparação da reforma, e ainda simuladores que permitem que cada pessoa perceba, de forma imediata, os reais impactos do que consegue poupar.
  • Pensar a reforma com tempo é fundamental. Também na área da poupança e das aplicações para a reforma, o Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto relembrou a sua importância para reduzir o impacto significativo que a aposentação traz aos rendimentos: “o impacto será tanto maior ou tanto menor dependendo das decisões financeiras que cada um de nós faz, a tempo”. “As decisões têm de ser tomadas em períodos muito longos, porque, normalmente, quando as pessoas se apercebem da importância do tema já é relativamente tarde”, alertou José Manuel Varejão.

A NCESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS EFICAZES

  • O Fórum “Transição para a Reforma” contou também com a intervenção do Vice-Presidente da CCDR-Norte, que recordou a relevância dos temas em debate: “A sensibilização dos decisores políticos para a adoção de uma agenda reformista, para a demografia e o envelhecimento, e a capacitação das nossas populações, instituições e empresas para este fenómeno são inadiáveis”.
  • Reforçando a necessidade de uma mudança de visão sobre o envelhecimento e a reforma, a Presidente da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, Maria Amélia Cupertino de Miranda, deu as boas-vindas ao Fórum: “Temos necessidade absoluta de programas estruturados e que sejam eficazes, que criem igualdade de oportunidades e diminuição de assimetrias de informação. Isto faz com que haja uma promoção do envelhecimento ativo e bem-sucedido, com atividade intelectual estimulante e outras dinâmicas sociais”.

O evento, criado no âmbito do programa de literacia financeira e digital “Eu e a Minha Reforma”, pode ser agora revisto no Youtube da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.