Fórum “Transição para a reforma - desafios às organizações e às pessoas”: a longevidade como uma solução, não um problema!

  • Publicado em 28 novembro 2022

Pela segunda vez, a Fundação Dr. António Cupertino de Miranda organizou o Fórum “Transição para a Reforma – Desafios às Organizações e às Pessoas”. A 23 de novembro, mais de duas centenas de pessoas assistiram a dois debates e três sessões de apresentação, onde mais de uma dezena de especialistas abordou as temáticas da longevidade e do envelhecimento.

Clique aqui para rever o debate e conheça as principais conclusões:

As conclusões fundamentais:

  • A necessidade de criar políticas públicas para os desafios da longevidade ficou bem patente entre os oradores do Fórum.
  • Os especialistas reforçaram também a importância da geração mais velha para a sociedade e, em particular, para as empresas.
  • Foi traçado um retrato claro do envelhecimento em Portugal – o terceiro país mais envelhecido da União Europeia e o quarto do mundo.
  • Contudo, os especialistas do Fórum apontaram uma perspetiva otimista sobre a longevidade, reforçando, entre outros, a valorização dos percursos de vida e as vantagens que o mercado de trabalho pode colher de colaboradores mais velhos.
  • Porém, os oradores foram claros: há grandes desafios para as empresas e organismos públicos, que devem encontrar respostas específicas dedicadas a esta geração.

Os destaques da sessão de abertura:

Maria Amélia Cupertino de Miranda, Presidente da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda:

  • Sobre a importância da literacia financeira: “a falta de educação financeira é um problema social, porque inibe a qualidade de vida e o bem-estar de todos e em especial da população mais velha, conduzindo-a a processos de empobrecimento e exclusão. Portanto, combater o défice da literacia financeira entre os mais velhos é uma prioridade premente, geradora de valor e impacto social positivo”.

Filipe Almeida, Presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social

  • Sobre a longevidade: “a longevidade não é um problema, a longevidade é uma solução, é uma conquista civilizacional e da ciência”.
  • Sobre o envelhecimento: “o envelhecimento da população, em bom rigor, também não é um problema. É um desafio. Agora, o isolamento, a exclusão social, a deterioração física e cognitiva, as múltiplas iliteracias, incluindo a financeira, a doença, o medo, a ausência de projeto de vida, a dificuldade de criar núcleos interpessoais…isso são problemas”.
  • Sobre a necessidade de respostas sociais: “é fundamental desenvolver respostas inovadoras, testar e experimentar outras soluções para dar resposta aos idosos de hoje, mas também aos idosos de amanhã”.

Conclusões do debate “Portugal Está a Envelhecer”:

Isabel Dias, Professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

  • Sobre a desconstrução do conceito de envelhecimento e das “representações idadistas”: “eu não olho para o envelhecimento como um problema, no sentido de que vá comprometer o desenvolvimento das nossas sociedades”.
  • Sobre o valor da geração mais velha: a docente vê-a como a “categoria social mais diversificada”, pelos trajetos e histórias de vida. “As pessoas mais velhas são o único recurso natural em crescimento”.

Maria Antónia Cadilhe, Investigadora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

  • Sobre a importância de redesenhar carreiras: é necessário “ajudarmos as pessoas, independentemente da idade, a terem estratégias para desenhar e redesenhar possíveis carreiras”, destacando o papel que as empresas devem assumir.
  • Sobre o papel das empresas: “as empresas têm um papel fundamental que é criar mecanismos para que haja essa cooperação e interação”, com os programas como as duplas de formadores intergeracionais ou o reverse mentoring.

Luís Antunes, Professor do Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

  • Sobre o papel da tecnologia: “eu acho que o emprego que vai prevalecer é a criatividade, porque a robotização e a inteligência artificial vão substituir tudo o que é mecanizável”.
  • Sobre a mudança tecnológica: “no digital, claramente é possível nós conseguirmos mudar”, no entanto, uma “correção profissional” (reskilling) pode não dar “a mesma capacidade de alguém que toda a vida foi treinado” para algo.
  • Sobre a necessidade de compreender a tecnologia: “estamos a construir uma sociedade em que, mesmo pessoas que são literadas digitalmente, mas não conhecem a tecnologia, começam a ter aqui um défice”.

Conclusões do debate “Desafios na transição para a reforma”:

Fernando Paulo, vereador da Educação e da Coesão Social da Câmara Municipal do Porto

  • Sobre a necessidade de respostas a nível nacional: “temos uma Secretaria de Estado da Juventude, temos uma Secretaria de Estado da Igualdade, na anterior legislatura, até tivemos uma Secretaria de Estado para a Inclusão do cidadão com deficiência, mas não temos de facto uma Secretaria de Estado, por exemplo, para as questões do envelhecimento e dos idosos”.
  • Sobre a necessidade de mudança: “as respostas tradicionais não respondem, na área do envelhecimento, àquilo que são as necessidades de hoje”, acrescentou.

Nelson Machado, CEO do Negócio Vida e Pensões e também Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal

  • Sobre a preparação para a reforma: “10 a 15 anos é pouco” para que esta preparação seja feita.
  • Sobre a importância da poupança: “o impacto lateral muito positivo deste pequeno aumento individual da poupança de cada um de nós seria o aumento da poupança do país”.

Rafael Campos Pereira, Vice-Presidente Executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

  • Sobre a importância das gerações mais velhas nas empresas: “têm mais sensibilidade, mais bom senso, mais experiência para enfrentar um conjunto enorme de desafios que se colocam neste momento”.
  • Sobre o preconceito face à idade: “não faz sentido dizer «eu não contrato uma pessoa de 60 anos, porque não há um compromisso de médio-longo prazo» e vou contratar uma pessoa de 25 anos. Não faz sentido, porque a pessoa de 25 anos, provavelmente, oferece menos compromisso e oferece menos garantias de uma permanência perene na empresa”.

    O Fórum “Transição para a Reforma – Desafios às Organizações e às Pessoas” foi organizado no âmbito do programa “Eu e a Minha Reforma”, apoiado pela Portugal Inovação Social, através do Fundo Social Europeu.