Lançamento do livro “Mulheres Incomuns” na Fundação: percursos de 12 líderes portuguesas

  • Publicado em 09 janeiro 2024

Luís Marques Mendes conduziu a sessão de apresentação, que contou com a presença de duas das figuras retratadas no livro: Maria Amélia Cupertino de Miranda, Presidente da Fundação António Cupertino de Miranda (FACM), e Luísa Ferreira, líder do programa social do Banco Europeu de Investimento (BEI).

“Mulheres incomuns” celebra o percurso invulgar de 12 mulheres que se destacam na sociedade portuguesa, em diversas áreas como academia, economia social, investigação, grandes empresas e na política. Cada uma das 12 histórias de vida é narrada por uma autora distinta, numa abordagem sensível e pessoal do percurso de cada uma das personalidades destacadas.  

Editado pelo Grupo Vida Económica, o livro está a percorrer o país para sessões de apresentação, tendo a Fundação sido o local eleito para a sessão no Porto. O evento reuniu, a 8 de janeiro, mais de 200 pessoas.

Luísa Bernardes, coordenadora do livro e cofundadora da Iniciativa “Mulheres Incomuns” abriu a sessão, destacando a missão do projeto “por um mundo onde todas as mulheres possam expressar livremente a sua singularidade”. A autora evidenciou ainda alguns exemplos da desigualdade de reconhecimento público das mulheres em cargos de liderança, como “as notícias [nos meios de comunicação social] sobre homens são 2,5 superiores às notícias sobre mulheres”, concluindo que “a visibilidade é um acelerador de igualdade”.

João Luís de Sousa, diretor do Grupo Vida Económica, confessou que este foi um projeto desde logo abraçado pela editora por ser “diferente e inovador” e por “contribuir para que as mulheres incomuns sejam cada vez mais comuns”, terminando com uma citação de Santo Agostinho: “o tempo é o que nós formos”.

Luís Marques Mendes, convidado de honra do lançamento e moderador do debate, começou por elogiar a pertinência do tema na atualidade, sublinhando que “Portugal precisa de ambição no domínio de igualdade de género”. O político e comentador evidenciou o papel da mulher na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, destacando a “sensibilidade social” do género feminino no combate às assimetrias e à corrupção.

Ao apresentar Maria Amélia Cupertino de Miranda, Marques Mendes confessou a sua “grande admiração pela instituição e ainda maior admiração pela sua pessoa”, exemplificando alguns dos desafios de vida da anfitriã na edificação do projeto Fundação e na sua missão de promoção da literacia financeira em Portugal, um trabalho que considera “um notável exemplo de liderança.”

O moderador lançou, então, o mote do primeiro painel da tarde, “Das sinergias às parcerias na construção da comunidade Mulheres Incomuns”, em que Maria Amélia partilhou um pouco sobre o seu percurso, enfatizando as aprendizagens e valores que sempre nortearam as suas decisões e ações. “A educação e a cultura são os motores do país”, concluiu.  

Luísa Ferreira, a segunda homenageada da noite, foi apresentada por Luís Marques Mendes como alguém que “acredita muito que a forma de liderar o sucesso no feminino é pela cultura do exemplo.” A responsável pelos projetos sociais do Banco Europeu de Investimento anuiu, acrescentando que “é preciso dar um role model às gerações mais novas”. Baseada no Luxemburgo, a portuguesa que criou projetos como o “Torneio de Inovação Social” considera este livro “um verdadeiro projeto de inovação social”, liderado por mulheres empreendedoras, que “tem o coração e a paixão para mudar o mundo”.

Rita Pedro, autora do percurso de Luísa Ferreira, também presente no painel, partilhou que a líder é uma das suas maiores referências e que se sentiu “muito inspirada” a contar a sua história de vida. Susana Castanheira, autora do retrato de Maria Amélia Cupertino de Miranda e uma das cofundadoras da Iniciativa “Mulheres Incomuns”, revelou a história por detrás do projeto, nascido no seio da Academia, e a investigação que está na base do livro e que demonstra como “ainda temos muito caminho a percorrer”. Sobre a missão de descrever o percurso da líder da Fundação, confessou que tem “a enorme sorte e privilégio de conhecer a Dra. Maria Amélia”, que descreve como “uma força da natureza e uma referência pessoal”.

Já no segundo painel de debate, dedicado ao “papel e o impacto das Fundações e das Instituições Financeiras na prossecução da equidade social e igualdade de oportunidades”, Maria Amélia Cupertino de Miranda começou por defender que “Em Portugal as pessoas continuam a olhar para os museus como repositórios de património. O Museu do Papel Moeda, tutelado pela Fundação, sempre se pautou pelo envolvimento na comunidade”. “É preciso que os Museus coloquem as suas coleções ao serviço da sociedade, das pessoas, em articulação com a educação. Só conseguimos alcançar uma mudança sistémica, se houver envolvimento da sociedade e dos agentes políticos”, acrescentou.  A responsável destacou os projetos em curso liderados pela FACM em matéria de literacia financeira, elencando alguns números e reconhecimentos que validam o impacto social das diferentes iniciativas. “A prova de como uma instituição pode fazer serviço público”, concluiu Luís Marques Mendes.

Ainda sobre o mesmo tema, Luísa Ferreira explicou o seu percurso no BEI. “Havia ao início uma tela em branco. Criámos parcerias, inclusivamente com a FACM”. Hoje em dia, lidera projetos de apoio ao empreendedorismo social, nas áreas da educação, saúde, ambiente e igualdade de género, fazendo uma cuidada seleção de ideias inovadoras para apoiar. “Quando trabalhamos com empreendedores sociais, o copo nunca está meio vazio ou meio cheio, pode sempre continuar a encher”.

Marques Mendes encerrou a sessão, com um comentário final para reflexão: “A desigualdade salarial entre homens e mulheres é uma das coisas mais indignas que uma sociedade pode ter”.